No dia do parto eu me lembro que estava muito, muito, muito, mas muito ansioso mesmo. Fomos para a maternidade por volta de meio-dia, só eu e a Fernanda, fomos para o quarto e começamos a esperar. O parto estava marcado para as 16h, então foram 4 horas de muita ansiedade.
Pouco tempo depois foram chegando os acompanhantes: os pais da Fernanda, a tia dela, o primo com a família, meus pais com minha irmã e o marido, o padrinho do Gabriel com a mãe, amigos... Pelos meus cálculos tinha umas 20 pessoas lá com a gente.
E eu na minha ansiedade, no meio da preocupação com a demora de as coisas acontecerem (por exemplo um soro que a médica tinha receitado pra Fernanda que não chegava nunca), tinha horas que eu queria que todo mundo sumisse, ou que ao menos ficassem quietos, pra gente poder esperar em paz. Mas parecia que cada vez mais gente chegava, e mais alto falavam, e mais agitado eu ficava.
Em contrapartida, a Fernanda que é sempre muito mais nervosa e ansiosa do que eu, disse que estava bem tranquila naquela tarde. Pelo menos um de nós tinha que estar, né!
Então aos poucos começaram a chegar enfermeiras no quarto para falar sobre o parto, depois preparar a Fernanda. Finalmente fizeram o soro dela. Pouco depois chegou o maqueiro para levá-la para o centro cirúrgico.
Chegou a hora!
O coração foi a mil, a adrenalina direto no sangue, e lá fomos nós para o centro cirúrgico. Ela de maca e eu andando ao lado dela. Chegamos na porta do centro cirúrgico e ela seguiu, enquanto eu ia para o vestiário colocar minha roupa de ~pai em treinamento~. Sim, eu fui acompanhar o parto, quem diria!
| Eu, "vestido de médico", como disse o Bernardo |
Já paramentado, câmera na mão, entrei e fiquei esperando mais um tempo numa salinha de espera ao lado da sala de cirurgia. Enquanto esperava ia conversando com o rapaz da filmagem, ele me levou até o berçário para fazer o ~reconhecimento do trajeto~ que faria mais tarde, já com o Gabriel. Quando apareci lá no berçário e aquelas 20 pessoas que estavam me esperando do lado de fora me viram acharam que já era a hora, mas ainda nem tinha começado!
Voltei para a sala de espera. O Daniel estava lá para acompanhar o parto também e ia me dizendo o que estava acontecendo, se já estava chegando a hora, entre outras amenidades. E aí me pediram pra entrar.
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| Já dentro da sala de cirurgia, com o Daniel |
A sala de cirurgia da Casa de Saúde São José é bem pequena. Acho que caberiam umas 3 delas dentro do quarto que estávamos antes, pra se ter uma ideia! Ou talvez não, não dá pra confiar muito na minha percepção espacial no meio de tanta emoção. Com todos dentro da sala, éramos umas 7 pessoas, sem contar a Fernanda deitada no meio. Bem apertadinho!!!
Logo que entrei na sala me sentaram numa cadeira ao lado da Fernanda, ou da cabeça dela na verdade, já que tinha aquele pano estendido na altura dos ombros dela, fazendo aquela ~paredinha~ pra gente não ficar vendo tudo. Fiquei todo o tempo ali ao lado, acompanhando tudo, e o Daniel por perto, tirando fotos e atualizando o pessoal pelo Whatsapp.
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| MAB perde o amigo, mas não perde a piada... |
Alguns minutos depois, enquanto conversávamos, ouvimos um barulho. Uma ~amostra grátis~ de um choro de bebê! O Gabriel já estava saindo!!! Mais uns instantes e pudemos ouvir o choro propriamente dito, e logo estavam mostrando o Gabriel pra mãe, que chorava de alívio e emoção.
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| Atualização em tempo real! |
| A foto clássica, obrigatória e linda |
Por incrível que pareça em nenhum momento eu chorei. Eu ~jurava~ que iria chorar copiosamente, mas não. Desde que entrei na sala de cirurgia eu fiquei bem calmo, totalmente o oposto do que eu estava sentindo enquanto estávamos no quarto. Lá dentro eu estava voltando à minha maneira habitual, mais tranquilo. E a Fernanda ia ficando mais ansiosa, até o momento que o Gabriel finalmente nasceu.
E uma informação para os detratores: eu também não desmaiei!!!
O momento do nascimento foi indescritível. Tanto que eu não vou descrevê-lo aqui. Só vou dizer que é o ápice de uma espera que durou 9 meses. Era ao mesmo tempo o fim de um caminho e o começo de outro.
Mais alguns momentos, o Gabriel sendo limpo, a mamãe chorando de alegria, tiramos fotos, falamos mais umas besteiras, e ~me expulsaram~ da sala! A Fernanda continuou lá com a equipe mais o Daniel, e eu fui fazer aquele trajeto já conhecido até o berçário, agora levando o Gabriel no carrinho, e acompanhado pela pediatra.
A cada passo que dava chegando perto do berçário a emoção ia crescendo novamente, mas já não era aquela ansiedade nervosa. Agora era felicidade, que ia me enchendo cada vez mais.
Quando novamente entrei no berçário, empurrando o carrinho com o Gabriel, a galera que estava do lado de fora explodiu em comemoração. Parecia torcida no Maracanã na hora do gol. Ou talvez no Sea World, já que o berçário é tipo um aquário né... =D
Ali eu ainda não podia pegar ~o meu filho~ no colo, por mais que quisesse. Não deixavam. Quem mexia nele eram as enfermeiras e a pediatra. Entre riscos de contaminação e do pai desastrado deixar o bebê cair nos seus primeiros minutos de vida, concordo que essa é a decisão mais acertada!
Ali mediram o Gabriel, pesaram, mostraram para a ~galera do Sea World~, e finalmente o colocaram numa incubadora (procedimento padrão para todos os recém-nascidos, me disseram). A pediatra veio e fez mais alguns exames, eu em volta só olhando e tirando mais umas fotos. Ela me explicou algumas coisas, falou de umas vacinas, que eu não consegui prestar muita atenção, mas entendi na medida do possível.
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| "Bla bla bla whiskas sachê bla bla bla" |
Então ela disse que a parte dela estava feita, que estava indo embora, que eu poderia ficar mais um tempo por ali ou voltar para o quarto. Não dava pra saber direito o que fazer, fiquei mais um tempo ali em volta, olhando pro Gabriel, tentando me comunicar com o pessoal do lado de fora do aquário, até que resolvi voltar.
Quando cheguei no quarto já estavam todos lá me esperando (menos a Fernanda, que só chegaria depois mesmo). Estouramos um champanhe para comemorar, brindamos e tomamos um puxão de orelha da enfermeira pelo barulho. Mais tarde a Fernanda chegou no quarto e mais um pouco chegou também o Gabriel, e pudemos finalmente pegá-lo no colo e olharmos com calma e abraçá-lo e sentir o seu cheirinho.





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